Psicólogo tem paciente ou cliente?

Bruno Marinho de Sousa

• Quando você procura atendimento psicológico você está na posição de cliente ou paciente?
• Ser cliente ou paciente muda algo para você?

No meu trabalho eu sempre preferi chamar as pessoas que atendo de Clientes, não Pacientes. Considero o termo paciente muito relacionado a Medicina, ao papel do médico que vamos em busca de respostas para nosso problema. Enquanto na Psicologia, pelo menos na Terapia Cognitivo-Comportamental, o tratamento é colaborativo e ativo. E é a pessoa que vai definir o que é melhor para ela.  

Alguns argumentam que falar cliente é como se sujasse a profissão. Ou que transforma o vínculo profissional em algo superficial (já ouvi falar isso).

Mas Psicólogos (as) são profissionais que oferecem serviços psicológicos. Somos prestadores de serviços, temos normas a seguir (baseadas em nosso Código de Ética) e podemos ser processados se prestarmos um serviço sem embasamento teórico (como usar horóscopo, mapa astral e outras técnicas não reconhecidas pela Psicologia e etc.). Assim, também acontece com outros prestadores de serviços (médicos, dentistas, encanadores, pedreiros e etc.). Veja esse trecho de um artigo do site Consultor Jurídico:

“Os profissionais liberais são pessoas físicas que prestam serviços à comunidade, sendo fornecedores para efeito da aplicação do Código de Defesa do Consumidor.” Fonte: Conjur

Assim, temos clientes, pessoas que procuram por serviços psicológicos (leia mais nesse artigo do site Psychology Today). Então os clientes são pessoas que estão em um trabalho colaborativo com quem os trata (por meio dos seus serviços). E esses clientes pagam pelo serviço e não há nada de errado. O serviço não ficará mais superficial por isso.

Eu sempre preferi o termo Cliente por passar uma ideia de maior profissionalismo. Cliente é alguém que faz um contrato (mesmo que seja verbal), pode exigir um bom serviço, pode desistir do tratamento ou até mesmo reclamar do serviço prestado, por exemplo, nos Conselhos Profissionais.

Já o termo Paciente passa uma ideia de participação passiva, de que se irá até o profissional e esse quem fará todo o trabalho. Sei que alguns profissionais argumentam que o termo evoluiu, que quando vamos ao médico ainda somos pacientes. Mas isso não tem certo ou errado.

Enfatizando meu ponto de vista, até mesmo o Conselho Federal de Psicologia em suas notas e notícias chama quem contrata os serviços psicológicos de cliente, não de paciente: veja esse exemplo. Os conselhos regionais também fazem o mesmo, como o de Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.

Se está em tratamento, comece a tratar a relação como psicólogo-cliente e veja se faz diferença. Mas se não concorda comigo, prefere o termo paciente, pode ler esse artigo, a autora tem a mesma opinião que você. Não há certo ou errado.

Se tem preconceito de ir ao psicólogo, passe a pensar que vai se tornar um cliente de um (a) prestador (a) de serviços. Que irá contratar os serviços de um (a) profissional que estudou e tornou a prestação de serviços psicológicos uma profissão.

E se você profissional está na dúvida sobre como se referir a pessoa que atende, pergunte a ela: você prefere ser tratado como meu cliente ou paciente? Tem até um estudo médico sobre isso: Patient or client? If in doubt, ask (Paciente ou cliente? Se tem dúvida, pergunte). Simples assim!