por Bruno Marinho de Sousa
Não sei se você já parou para analisar uma coisa: nossa vida é uma sucessão de escolhas e decisões. Escolhemos desde o que vamos comer no café da manhã até decisões profissionais, a cada passo do dia moldamos nosso caminho em escolhas.
Mas você já parou para pensar em como suas emoções e sentimentos influenciam essas escolhas e decisões? E como a Inteligência Emocional é fundamental para tomar decisões melhores, mais assertivas e, com isso, viver com mais qualidade e bem-estar?
Leia o texto: Qual a diferença entre Emoções e Sentimentos?
Se você nunca estudou o assunto da Tomada de Decisões, pode acreditar que usamos a lógica para nossas escolhas. No entanto, os estudos em Neurociências e Psicologia Cognitiva mostram que não é bem assim…
Esses estudos mostram que as emoções e os sentimentos são parte importante do processo decisório e não apenas “interferências”. Inclusive, as emoções e os sentimentos são parte fundamental para uma boa decisão.

O Papel das Emoções na Tomada de Decisão
Imagine que você precisa escolher entre duas propostas de emprego. Uma delas oferece um salário maior, mas um ambiente de trabalho que te deixa desconfortável (pelo menos é isso que você sente). A outra proposta, um salário um pouco menor, mas com uma equipe que te acolhe e te faz sentir valorizado, o que te deixa um pouco mais segura.
Se você se basear apenas na lógica financeira, a primeira opção pode parecer a melhor. Contudo, suas emoções — o desconforto, a insegurança, o medo de não se adaptar versus a alegria, a segurança, a tranquilidade e a sensação de pertencimento — vão pesar, e muito, nesse processo decisório. E isso pode ser extremamente importante para uma escolha que traga satisfação a longo prazo.
Nosso cérebro não processa informações de forma puramente racional. As emoções atuam como marcadores somáticos (leia mais aqui), fornecendo “sinais” que nos ajudam a avaliar rapidamente as consequências de nossas possíveis ações.
Um sentimento de ansiedade pode nos alertar para um risco que precisamos prestar mais atenção e nos preparar, enquanto uma sensação de bem-estar pode nos indicar um caminho de mais satisfação. Ignorar nossas emoções é abrir mão de uma parte vital do recado que recebemos da nossa mente e do nosso cérebro.
Inteligência Emocional: A Chave para Decisões Conscientes
É nesse ponto que a Inteligência Emocional¹ entra em cena. Não se trata de ignorar as nossas emoções, mas sim de reconhecê-las, compreendê-las e gerenciá-las de forma eficaz e consciente. Desenvolver a inteligência emocional significa:
- Autoconsciência: Entender o que você está sentindo e por que está sentindo. Por exemplo, perceber se a raiva está influenciando uma decisão ou ação importante.
- Autorregulação: Lidar com as emoções de forma construtiva. Em vez de agir impulsivamente, você aprende a pausar, refletir e escolher uma resposta mais adequada ao contexto.
- Motivação: Usar as emoções para te impulsionar em direção aos seus objetivos, o que é importante para você, superando desafios.
- Empatia: Reconhecer e compreender as emoções dos outros, o que é fundamental em decisões que afetam relacionamentos ou equipes.
- Habilidades Sociais: Aplicar essa compreensão emocional na comunicação e interação com o mundo ao seu redor, sendo mais flexível e tendo relações mais saudáveis.
A ideia é aprendermos a aprimorar essas habilidades. É conseguirmos integrar as informações emocionais com nossa análise racional, buscando uma interação e um equilíbrio. E isso vai resultar em decisões mais equilibradas e alinhadas com seus valores e bem-estar.
A Mente e o Cérebro em equilíbrio: Razão e Emoção em Harmonia

As Neurociências avançaram muito na compreensão da interação entre as regiões cerebrais responsáveis pela emoção (como a amígdala e o sistema límbico) e as áreas ligadas ao raciocínio e ao planejamento (como o córtex pré-frontal). E sabemos que um cérebro funcional é aquele onde há uma boa comunicação entre essas áreas. Quando essa comunicação é deficiente, podemos cair em armadilhas como a impulsividade ou a paralisia por análise excessiva (o que na Psicologia chamamos de ruminação de pensamentos).
Como todas as outras habilidades, precisamos treinar para sermos bons em algo. E a Inteligência Emocional também é possível de ser treinada , por meio de práticas como a atenção plena (mindfulness) e a reflexão sobre os próprios sentimentos. Essa práticas fortalecem as conexões neurais que permitem essa harmonia. Não é sobre deixar a emoção dominar ou suprimi-la, mas sim sobre utilizá-la como um aliado poderoso.
Da Teoria à Prática: Melhorando Suas Decisões Diárias
Essa atividade em hipótese alguma substitui a psicoterapia ou acompanhamento profissional!
Agora vou te explicar uma atividade bem simples. Comece a observar suas reações emocionais antes de tomar uma decisão. Pergunte-se:
- O que realmente preciso decidir? (Defina claramente o que precisa resolver, escolher)
- Que emoções estou sentindo agora? (Alegria, tristeza…)
- Sinta como essas emoções afetam o seu corpo. (Tensão nos ombros, frio na barriga?)
- Como, de que forma, essas emoções podem estar influenciando minha escolha?
- Existem outras informações que estou ignorando por causa dessas emoções?
- Se eu sentisse outra coisa, eu pensaria e decidiria da mesma forma? (Troque, por exemplo, raiva por tranquilidade, medo por confiança e teste).
Isso não vai te ajudar a sempre tomar decisões assertivas e perfeitas. O que vai fazer é tirar um pouco da impulsividade da escolha, mudar sua perspectiva e, principalmente, vai te dar um tempo para pensar com mais clareza!
Pratique a Regulação Emocional antes de tomar decisões importantes. Se estiver sob estresse ou raiva, respire fundo, afaste-se da situação por um momento e volte a analisar a situação com mais calma. Lembre-se, o objetivo é usar suas Emoções de forma Inteligente, como parte do processo decisório e não é eliminá-las!
Referências:
- Tomada de Decisões, Emoções e o Marcador Somático (aqui do blog)
- Autocontrole Emocional ou Regulação Emocional (aqui do blog)
- ¹O que é Inteligência Emocionall?(aqui do blog)
